A moda não pode mais ser descartável

sábado, março 24, 2018

O vestuário é algo que faz parte das nossas vidas a todo momento. Independente da cultura, região ou do modelo de indumentária adotado, todos nós precisamos nos vestir. Diante da necessidade de produzir cada vez mais roupas, grandes empresas viram nesta uma oportunidade de ganhar mais dinheiro, e adotaram um modelo de produção que hoje leva a culpa pelo vestuário ser a segunda indústria mais poluidora do mundo.
O Fast Fashion – moda rápida – em tradução livre, é o modelo adotado por essas grandes marcas, que consiste em produzir peças em larga escala, com menos qualidade de produto, condições precárias – e muitas vezes subumanas – de trabalho, em um tempo de comercialização muito rápido. A grande aliada do fast é a publicidade que também é a fórmula para esse mercado continuar em ascensão. A todo instante somos bombardeados com informes publicitários, promoções e imagens que nos criam o desejo e nos convencem a ter cada vez mais roupas (embora na maioria das vezes a gente não precise). 
Foi a partir da década de 80 que as mudanças começaram a acontecer na indústria da moda. Com a descentralização da produção, muitas marcas passaram a apostar em uma mão-de-obra mais barata, oferecida em países da Ásia (que na maioria das vezes não possuem leis trabalhistas) e, dessa forma, aumentaram o seu lucro, oferecendo maior quantidade de produtos com preços mais baixos. As maiores empresas de Fast Fashion do mundo – Zara, H&M, Forever 21, dentre outras, já foram investigadas inúmeras vezes por trabalho escravo, exploração infantil, além de outros fatores que são tóxicos para a sociedade. E tudo isso em nome do dinheiro! 
A conta do Fast Fashion é algo que nunca fecha. Como diz o estilista brasileiro Ronaldo Fraga “se você compra uma saia que custa R$ 60, tem sangue pingando ali”. Para termos uma ideia, por ano, são vendidas em torno de 80 bilhões de peças. E qual é o segredo para esse alarmante número de vendas? A resposta é bem simples: ganância, competitividade, exploração, consumo desenfreado, poluição. Será que realmente precisamos de tanta roupa assim?

Os impactos ambientais causados pela indústria Fast Fashion

A indústria do vestuário é a segunda maior poluidora do mundo, perdendo apenas para a indústria do óleo. Por ano, são desperdiçados em torno de 32 bilhões de toneladas de água. Na China – maior produtor de moda do mundo – 75% das doenças são causadas em decorrência da poluição dos rios, através do tingimento das roupas. Por ano, são 100.000 mortes causadas pela indústria da moda, no país. Em torno de 3% de toda a água disponível no mundo é utilizada somente pela moda. Para produzir uma calça jeans (alô, H&M – que incinera 12 toneladas de roupas novas por ano) são utilizados 10 mil litros de água. Sabia que para fazer uma simples camiseta se vão 2 mil litros de água?
Quantas camisetas e calças jeans (que nem usa) você tem em seu guarda-roupa? Já parou para pensar quantos mil litros de água você já consumiu comprando peças que na maioria das vezes não tem utilidade pra você? Infelizmente, pode ser que você nunca tenha se dado conta, e é exatamente isso que o Fast Fashion quer – que não notemos o mal que estamos fazendo para a natureza com o consumo desenfreado ou desnecessário. O que importa é comprar novidades toda semana.
Não quero que você pare de comprar Fast Fashion através dessa crítica, mas o meu objetivo aqui é levantar o debate de que precisamos repensar sobre a nossa frequência de consumo. Que tal comprar menos e usar a criatividade pra modificar peças que estão paradas no guarda-roupa? A consciência é algo urgente, para o mundo entender que A Moda não pode mais ser descartável. Não precisa querer mudar o mundo, apenas comece por você, pela suas atitudes. Vamos valorizar as nossas roupas?

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